Ex-ministra entrega cargo após escândalos e abusos




A ex-ministra Matilde Ribeiro foi surpreendida após a revelação dos abusos na utilização de cartões corporativos, através deles eram possíveis compras em qualquer local e até mesmo saques em dinheiro vivo.
A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que R$ 22.405,87 gastos pela ex-ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, com o cartão corporativo do governo não “foram suficientemente justificados”.
Matilde foi obrigada pela CGU a devolver imediatamente R$ 2.920,35, o restante deve ser justificado nos próximos dias.
Entre os abusos: aluguéis de veículos sem a presença da ministra; almoços a terceiros; compras uma loja duty-free de aeroporto internacional R$ 461,16; e despesas com motoristas – de acordo com CGU, Matilde pagou horas extras em 80% das locações. Despesas com diárias e horas extras de motoristas consumiram R$ 52,2 mil em um total de R$ 171,5 mil gastos em 2007.
Em 20 de fevereiro, a pedido do presidente Lula o Dep. Federal Edson Santos – PT/RJ aceitou o convite para comandar o ministério das políticas de Promoção e Igualdade Racial.
“A dívida que a sociedade brasileira tem com os negros ainda não foi resgatada... depois de quase 120 anos do fim da escravidão os negros ainda ocupam lugares desprivilegiados na sociedade brasileira” afirmou Edson na cerimônia de formatura da Unipalmares.

ENTENDA O CASO

A reportagem - 13/01/2008
O jornal O Estado de S. Paulo publica reportagem (leia: ‘Gasto com cartão é recorde na gestão Lula’ e ‘Secretária da Igualdade Racial é líder em gastos’), segundo a qual os gastos com cartão corporativo no governo do presidente Lula dobraram em 2007 com relação ao ano anterior. A edição traz ainda a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, como líder no ranking dos ministros que mais gastaram nos dois últimos anos.

Investigação - 24/01/2008
O Ministério Público Federal no Distrito Federal decide investigar a má utilização dos cartões por ministros de Estado. E o TCU, órgão que fiscaliza os gastos, inicia investigação para apurar se as compras feitas com o cartão eram necessários. Dias depois, a Comissão de Ética Pública pede à Controladoria-Geral da União (CGU) que investigue indícios de crime no uso de cartão em restaurantes e free shops por Matilde.

Sabatina - 3/1/2008
Após denúncias, Matilde é chamada para reunião no Planalto. Governo avalia que situação da ministra é insustentável e ela deve cair. Participaram da sabatina no Palácio os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento), Franklin Martins (Comunicações) e Jorge Hage (CGU).

A demissão - 01/02/2008
Matilde se reúne com Lula e apresenta carta de demissão. Em entrevista coletiva, ministra diz não estar arrependida e atribui a culpa a funcionários de sua pasta. Ela não revela, no entanto, o que comprou num free shop com o cartão. Anteriormente, assessores haviam confirmado que o uso foi para comprar produtos de consumo pessoal. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, decide cancelar o seu cartão de crédito corporativo.