Uma Questão Racial

No Brasil discute-se muito a questão racial, o processo de exclusão que a comunidade negra sofre a partir do processo de escravização de seus ancestrais. Hoje diversos dados de pesquisas de órgãos oficiais são divulgados versando sobre as desigualdades ditas “sociais”, cujo termo é mais uma forma de mascarar o racismo velado que é uma característica do povo brasileiro.Porém, este racismo velado passa a ser revelado quando a comunidade negra põe em pauta as desigualdades, cito como exemplo a recente discussão sobre cotas na universidade ou o próprio processo secular da “intolerância religiosa” ou por que não dizer, racismo contra as Religiões de matriz africana, em que imediatamente a sociedade se manifesta dando o seu claro pronunciamento contrário, mandando o recado que lugar de negro é na senzala. Isto é reproduzido diariamente pelas “Redes Globo” da Vida, através de novelas onde negros e negras ocupam papéis subalternos ou de vilões, ou como objetos sexuais para o branco(a) filhinhos de papais. Isto caiu no imaginário social, o padrão de beleza brasileiro é o padrão branco, as loiras e loiros de olhos verdes e azuis que são grandes empresários (as) e modelos , e todos nós somos “educados” dentro destes padrões ocidentais que nada tem haver com a nossa Cosmovisão ou Visão de mundo africana que trabalha a igualdade, a coletividade, o respeito aos mais velhos e aos mais novos e tantos outros valores civilizatórios ignorados por esta sociedade. A maioria dos nossos irmãos passam a vida tentando conseguir um lugar ao sol seja nas escolas, universidades e no mercado de trabalho e tudo isso é sempre negado e vem a custo de muita humilhação, isto tudo pelo fato de ser afrodescendente e por conta dos citados padrões de beleza e inteligência racista. Por isso trabalhamos sim no terreiro a questão da identidade negra em nossas crianças conscientizando da importância da estética, ou seja forma de vestir, de usar o cabelo de gargalhar como fator preponderante e agregador de formação de uma identidade positiva para que jamais tenha vergonha de dizer: “EU SOU NEGRO(A) SIM!” e fazer frente a este racismo que resiste e insiste no Brasil, que possui 50% de sua população negra e tenta manter na invisibilidade não só os negros como o papel que ele teve e tem na construção do País e no acúmulo de suas riquezas.
A recente pressão sofrida que resultou no pedido de demissão da sempre Ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro por conta do uso dos chamados cartões corporativos é uma demonstração deste racismo a exemplo da Ex-Senadora Benedita da Silva, pois duvido que se fossem feitas devassas nos diversos cartões corporativos distribuidos à todos os ministérios, que alguns deles possa ter utilizado-os unica e exclusivamente para o fim ao qual ele se destine.

Colaboração Baba Diba de Yemonjá

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