Ser ou não ser... Eis a questão


Tendo em vista a polêmica levantada aos textos criados por religiosos falando de outras nações que não a sua, percebi conflitos de identidade em alguns leitores e seguidores do africanismo, especialmente aos mal esclarecidos sobre a Nação a qual pertencem.
Sou integrante da Nação Cabinda desde minha iniciação há quatro décadas.
Somente exponho, discuto, questiono, debato a minha Nação. Com grande maestria do aprendizado que tive junto ao meu Babalorixá Pai Cleon de Oxalá Elefan – a bandeira a qual pertenço, a Bacia de Oxum Pandá Olobomi de Mãe Palmira Torres, filha de Valdemar Antônio dos Santos, Valdemar de Xangô Kamuká; Babalorixá que trouxe o culto de sua Nação para o Rio Grande do Sul, vindo da África da região de Cabinda.
Pai Valdemar instalou-se em Porto Alegre, era um homem simples, com seus seguidores, não fazia ostentações de nobreza, era o grande conhecedor do culto a Xangô Kamuká, não posso dizer que o conheci – nem se tinha o apelido de Gululu, pouco conheci Mãe Palmira de Oxum e sua última esposa Mãe Otília de Ossãe Tolá.
O que posso afirmar é que Xangô Kamuká é o Rei da Nação Cabinda e somente a esta nação pertence; atua em diversas áreas como, por exemplo: saúde, trabalho, negócios, doenças, etc.
Cabinda é a maior das Nações Africanistas, e é regida por Eguns, aos quais primeiramente ofertamos Obrigações e somente após esta liturgia estaremos liberados a ofertarmos Obrigações aos Orixás.
Por isso, após a partida para Orun de Pai Waldemar de Xangô Kamucá seu Orixá Xangô Kamuká passou a ser cultuado no Balé por sua representatividade, o que não o transformou em um Egun.
Quanto aos fatos de não realizarmos Obrigações no Ori de nenhum filho de Xangô Kamuká e nem permitirmos o transe deste Orixá (ocupação ou incorporação), o fizemos por respeito as nossas raízes e em especial ao nosso patrono Pai Waldemar.
O que tem confundido muitos adeptos do Africanismo são as misturas das nações ex: um indivíduo é feito em outra nação, seja ela Gêge, Ijexá, Oyó ou Nagô, e ao passar a integrar um Terreiro de Cabinda, esta pessoa passará a ser membro, deverá cultuar os Orixás, seguir os fundamentos e regras exclusivas da nação Cabinda e a sua nação de origem deixará de ser praticada e cultuada, sob pena do enfraquecimento do Axé e o seguro despreparo do futuro religioso.
Acredito que, grande parte das polêmicas que tem ocorrido ultimamente no Africanismo se deve também as discussões estabelecidas em locais impróprios como orkut.
Ao utilizar este espaço, afirmo ao público leitor que estou embasado no conhecimento de uma raiz respeitada em nossa comunidade e que minha opinião assemelha-se a muitos de meus irmão do Culto de Cabinda.
Aos veículos de comunicação gostaria de humildemente solicitar aos seus jornalistas que apreciem e busquem conhecer mais sobre os assuntos, antes de suas publicações. Evitarão assim desconforto aos leitores e preservarão os conceitos básicos da nossa religião.
Que Xangô Kamuká nos abençoe com um Bom Axé de vida, saúde e prosperidade.


Colaboração Pai Luiz Carlos de Oxum (foto)

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